Estado lidera casos no Centro-Oeste; maioria das vítimas são meninas com baixa escolaridade, apesar de a prática ser proibida por lei desde 2019

Mais de 1.200 crianças e adolescentes de até 14 anos viviam em união conjugal em Goiás em 2022, segundo dados do Censo Demográfico divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento revela que 274 são meninos e 967 são meninas, evidenciando que as meninas permanecem mais expostas a esse tipo de violação na infância.

A pesquisa também mostra que a maior parte desses jovens vivia a situação sem ter concluído sequer o ensino fundamental. Entre os meninos, 254 não tinham instrução ou tinham apenas o fundamental incompleto; entre as meninas, o número chega a 870.

Em números absolutos, Goiás lidera o ranking de casamentos infantis no Centro-Oeste, à frente de Mato Grosso (946 casos), Mato Grosso do Sul (531) e Distrito Federal (207). A prática é ilegal no Brasil: desde a sanção da Lei nº 13.811, em março de 2019, o casamento civil de menores de 16 anos é proibido em qualquer circunstância.

O Censo também apontou a distribuição dos casos conforme a religião declarada. Entre católicos, foram registrados 4.337 meninos e 13.319 meninas em uniões conjugais. Entre evangélicos, os números chegam a 2.073 meninos e 7.204 meninas. Pessoas sem religião também apresentaram índices relevantes: 789 meninos e 4.581 meninas viviam em uniões civis, religiosas ou consensuais.

Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas mais robustas para proteção de crianças e adolescentes, além de ações educativas e de conscientização para prevenir essa violação de direitos fundamentais.